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Mostrando postagens de maio, 2009

MATRIMÔNIO, MANICÔMIO, PANDEMÔNIO, DEMÔNIO

Essa é boa! Era um sábado a tarde e eu estava de plantão na enfermaria de acolhimento a crise, no hospital psiquiátrico onde estagiava. Não tinha quase nada para fazer a não ser acompanhar e observar os internos, que neste plantão estavam bem calmos. Havia nesta enfermaria uma sala de convivência, onde alguns pacientes passavam o tempo distraindo-se com atividades lúdicas. Chego nesta sala e logo se aproxima de mim uma velhinha, muito simpática, de cabelos bem branquinhos e diz: “Doutor o meu filho disse que vai pedir a mão da namorada dele em casamento. O senhor acha isso certo?” No que perguntei: “Qual o problema dele pedir a mão da namorada em casamento?” Ela respondeu de pronto: “quando ele nasceu eu perguntei ao médico se ele era perfeito, ou seja, se ele tinha dois olhos, dois ouvidos, duas mãos, dois pés. E o médico disse que sim. Então, perguntei para o meu filho: por que você quer mais uma mão?” Achei engraçado e comecei a rir; ela também esboçou um sorriso em seu rosto enru

DÚVIDA CRUEL!

Desde o início do nosso aprendizado fomos ensinados sobre as virtudes do pensamento. Decartes, tido como o pai do pensamento científico, formulou a seguinte máxima: “penso, logo existo”. Tal formulação baseia-se no seguinte raciocínio: “Se duvido penso”, e se “penso, logo existo”. Para Decartes a dúvida deve ser levada a última instância, se é que tal instância existe. A dúvida é cruel! Sem dúvida! Ainda mais num momento caracterizado por tantas certezas como este em que vivemos, chamado “pós-moderno”. Uma leitura desse nosso tempo chega a ser no mínimo esquisita: de um lado observamos uma vasta produção de saberes, de certo modo, a partir do postulado cartesiano; do outro o que vemos é uma certeza tão forte que é como se estivéssemos vivendo a era das convicções plenas. Por que a maioria das pessoas buscam eliminar as dúvidas com certezas, que por vezes não são tão certas assim? É que a dúvida produz inquietação, insegurança e expectativas inquietantes. A certeza, por outro lado, p