Não sei se você já assistiu ao filme Shrek. Aqui em casa todos assistimos, e até eu gostei da historinha de amor às avessas, quando o velho ogro se apaixona pela princesa Fiona. O amor é lindo — mesmo que os personagens sejam horríveis. Mas, daí a afirmarmos que toda noiva é bonita, não é verdade. Muito menos compararmos certos noivos a um casal de pombinhos. Chega a ser uma injúria comparar os pobres animaizinhos — símbolos da paz — com verdadeiros carcarás do sertão, que usam o bico para destroçar a presa. O que tem de noivos se bicando e se mutilando antes do casamento! Imagina quando casarem… Lendo o Dicionário de Mitos Literários, de Pierre Brunel, descobri que o ogro “é um personagem do conto popular da tradição oral africana e europeia”. Percebi que aquele monstrinho bonitinho do filme é, na verdade, a personificação do cão, do inferno, do diabo. Brunel, citando o Dicionário Bloch et Wartburg, afirma “que a palavra aparece em 1300 com sentido moderno e que ela — provavelmente ...