Pular para o conteúdo principal

TPM: TEMPO PARA MIM!


Pra muitas mulheres a TPM é um verdadeiro inferno, um grande incomodo mesmo; pois além do desconforto físico afeta diretamente o humor delas. É um período complicado pra elas e consequentemente para todos nós que convivemos com elas. E como!

A TPM não é uma patologia, ou seja, não é uma doença. A menstruação que gera a TPM é sinal de saúde, resultado de uma reciclagem que tem por objetivo deixar o corpo da mulher sempre preparado para o novo, para a fertilidade.
A TPM é mais do que a simples consequência da depuração do organismo. É efeito direto de uma depuração emocional. É o momento em que a emoção da mulher fica a flor da pele e transborda em lágrimas, lamentos, queixas, etc. Não seria por conta dessa faxina emocional periódica que as mulheres conseguem expressar com mais facilidade do que os homens, tudo aquilo que as incomoda? É fato que na clínica as mulheres aparecem com mais frequência do que os homens. Por outro lado os dados apontam que as mulheres ainda sofrem menos de problemas cardíacos do que os homens. Se a TPM tem alguma coisa a ver com isso, bendita TPM!

O homem não menstrua. Pelo menos por enquanto. É que em tempos de tanta igualdade entre os sexos, quem pode dizer que um dia não surja um tratamento para o homem menstruar. Dá pra imaginar isso? Pra muitas mulheres seria a glória, uma boa vingança, com aquela gotinha de veneno escorrendo pelo canto da boca.

Ansiedade, irritabilidade, nervosismo, agitação, raiva, são algumas das características da TPM. Pra muitas mulheres viver e superar esses sintomas, sabendo que no mês seguinte acontecerá tudo de novo é muito difícil. Mas não será por conta disso que frente as adversidades da vida elas apresentam maior resistência do que os homens? Seria essa resistência emocional um ganho secundário da TPM? Se for, menos mal, não é mesmo?

Uma das melhores definições da TPM veio do meu filho mais novo, que tem quatorze anos. Numa discussão natural entre irmãos, a irmã mais velha disse: “não mexe comigo porque estou na TPM”. No que ele respondeu: “Você sabe o que significa TPM?” Acrescentando em seguida: “significa Tempo Para Mim.”. Boa! Muito boa! Mas nesse sentido podemos dizer que não somente as mulheres, mas os homens também têm lá suas crises de TPM.

Quem não precisa de um tempo pra si mesmo? Um tempo pra ver e rever as questões que causam dor, sofrimento e incomodo na vida. Um tempo pra tomar decisões e mudar o rumo da história. Um tempo que rompe com o lamento vicioso de uma nota só, levando aquele que sofre a assumir as rédeas da vida. Um tempo também para analisar os inúmeros fatores que se somam e atuam sobre um determinado sintoma. Um tempo potencialmente produtivo que revela saídas, frente ao que parece ser um labirinto interminável de impossibilidades.

“Tempo Para Mim” não significa um tempo pra ficar remoendo o passado e muito menos para ficar pensando na vida. Significa antes de tudo um tempo para investir na vida. Tempo de reparação e restauração. Tempo de recomeço. Nesse sentido a TPM precisa ser vista como um hiato entre o fim de um ciclo e o início de outro, que potencialmente tem tudo pra ser bem melhor do que o anterior.

Quando cessa a menstruação aparece a menopausa. A vida é assim: feita de pausas antes da grande pausa da vida, que é a morte. É preciso, portanto, saber tirar proveito dessas pausas, por mais incômodas que elas sejam. Como bem disse Nilton Bonder, “Quando bem vividas, uma menopausa e até mesmo as vésperas da ‘grande pausa’ podem tornar-se experiências em grande medida adoçadas.” (Nilton Bonder – “A Arte de se Salvar”).

Se abordamos a questão da TPM foi com o intuito de destacar e realçar a importância de que todos nós, homens e mulheres, precisamos de um tempo, de pausas, para reiniciarmos e reinventarmos o ciclo da vida. É nesse sentido que uso a brilhante definição do meu filho sobre a TPM: Tempo Para Mim.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O INFARTO DA ALMA

Existem várias maneiras de entendermos a depressão. Como já disse em vídeos anteriores, a depressão não é resultado de um único fator. Mas sim de vários fatores. Hoje quero falar da depressão como consequência do infarto da alma, fruto do represamento das emoções e dos traumas da vida que não foram elaborados. Conhecemos da medicina a expressão "infarto do miocárdio" , que é uma doença caracterizada por placas de gordura que se acumulam no interior das artérias coronárias, obstruindo a circulação sanguínea. Quando uma dessas placas se desloca forma-se um coágulo que interrompe o fluxo sanguíneo, levando a diminuição da oxigenação das células do músculo cardíaco (miocárdio), gerando o infarto do miocárdio. Na página da Sociedade Brasileira de Cardiologia tem um cardiômetro, que marca em tempo real o número de pessoas que vão a óbito no Brasil por conta de problemas cardíacos. A média é de um óbito a cada 90 segundos. E o infarto do miocárdio é a principal causa de morte no

A FORÇA DE ATRAÇÃO DO NADA

Certa ocasião, quando participava de um congresso na cidade de Gramado, aproveitei a oportunidade para explorar as belezas daquela região. Foi aí que conheci uma das vistas mais lindas do Brasil: o cânion Itaimbezinho. Uma vista simplesmente linda. Se você ainda não conhece, vale a pena conhecer. Mas tome cuidado, a altura do Cânion Itaimbezinho é de 720m e você sabe: o abismo atrai, deixa a gente meio zonzo e... O que existe no abismo para que ele exerça essa força de atração sobre as pessoas? Não existe nada. Mas, o abismo é um nada que atrai. Como disse Nietzsche: "Quando você olha muito tempo para o abismo, o abismo olha para você." O nada, o abismo, tem a ver com a força especulativa e fantasiosa do desejo. O desejo é o canto da sereia que atrai os viajantes incautos. É por sermos seres do desejo que nos aproximamos do abismo. Somos atraídos por esse nada pleno que é o desejo, que em algumas ocasiões nos coloca numa verdadeira enrascada. Isso não significa dizer qu

A GOTA D'ÁGUA E A DEPRESSÃO

Coitada da última gota d’água. Quando a caixa d’água transborda a culpa é sempre dela. Daí a expressão: “Essa agora foi a gota d’água que faltava” . E lá vai à coitada da gota d'água levando a culpa das demais gotas d'água que durante muito, muito tempo, foram se acumulando, acumulando, até a fatídica gota d'água cair no copo. Segundo uma tabela da SABESP (Companhia de saneamento básico do estado de São Paulo) um gotejamento lento, produz uma perda estimada de 10 litros de água por dia. Se for médio, 20 litros. Se for rápido, 32 litros. Faça as contas aí e veja o quanto de água pode ser desperdiçada a partir de um pinga-pinga. E quando essa água toda se acumula em qualquer lugar, seja um copo, seja numa caixa d'água, não tem jeito. Um dia vai estourar. Vai transbordar. Quando as emoções "negativas" (uso as aspas porque, desde que as emoções sejam admitidas, elas não podem ser chamadas de negativas) são acumuladas no mundo interior de uma pessoa, são com