Certa ocasião, quando participava de um congresso na cidade de Gramado, aproveitei a oportunidade para explorar as belezas daquela região. Foi aí que conheci uma das vistas mais lindas do Brasil: o cânion Itaimbezinho. Uma vista simplesmente linda. Se você ainda não conhece, vale a pena conhecer. Mas tome cuidado, a altura do Cânion Itaimbezinho é de 720m e você sabe: o abismo atrai, deixa a gente meio zonzo e...
O que existe no abismo para que ele exerça essa força de atração sobre as pessoas? Não existe nada. Mas, o abismo é um nada que atrai. Como disse Nietzsche: "Quando você olha muito tempo para o abismo, o abismo olha para você." O nada, o abismo, tem a ver com a força especulativa e fantasiosa do desejo. O desejo é o canto da sereia que atrai os viajantes incautos.
É por sermos seres do desejo que nos aproximamos do abismo. Somos atraídos por esse nada pleno que é o desejo, que em algumas ocasiões nos coloca numa verdadeira enrascada. Isso não significa dizer que devemos evitar o desejo. Mas sim que precisamos reconhecê-lo para poder lidar com ele.
Somos seres do desejo e por conta disso vivemos a busca de uma sensação, de uma experiência, de algo que nos preencha. E quando pensamos que achamos o tempo se encarregará de nos mostrar que que o desejo passou e o nada continua ali. É assim que a roda gira. É assim que a vida se constitui: numa busca insessante pelo nada. Mas é por conta desse nada que continuamos vivos, sonhando e desejando. Como bem disse Pitágoras: "O homem é mortal por seus temores e imortal por seus desejos."
Mas, o que devemos fazer em relação aos lindos cânions subjetivos, os nossos desejos, que se apresentam a nossa frente? Contemplar. Admirar. Mas, sempre mantendo uma distância de segurança. Prevenção? Medo? Talvez! Por que não? Se o encanto faz parte da vida, o desencanto também faz. Quem muito se entrega ao desejo sempre acaba caindo num abismo sem fim. O desejo é assim: um nada que nos atraia. Benjamim Franklin, filósofo norte americano, disse que "Se um homem pudesse ter metade dos seus desejos realizados, teria mais aflições do que prazeres."
Não negue o desejo. Mas não mergulhe de cabeça achando que ele o conduzirá ao nirvana, enquanto símbolo da eterna e plena satisfação. Não é bem assim. Na maioria das vezes é o contrário disso.
Existem várias maneiras de entendermos a depressão. Como já disse em vídeos anteriores, a depressão não é resultado de um único fator. Mas sim de vários fatores. Hoje quero falar da depressão como consequência do infarto da alma, fruto do represamento das emoções e dos traumas da vida que não foram elaborados. Conhecemos da medicina a expressão "infarto do miocárdio" , que é uma doença caracterizada por placas de gordura que se acumulam no interior das artérias coronárias, obstruindo a circulação sanguínea. Quando uma dessas placas se desloca forma-se um coágulo que interrompe o fluxo sanguíneo, levando a diminuição da oxigenação das células do músculo cardíaco (miocárdio), gerando o infarto do miocárdio. Na página da Sociedade Brasileira de Cardiologia tem um cardiômetro, que marca em tempo real o número de pessoas que vão a óbito no Brasil por conta de problemas cardíacos. A média é de um óbito a cada 90 segundos. E o infarto do miocárdio é a principal causa de morte no
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