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UM TAPINHA NÃO DÓI!


Vivemos uma época marcada pelos paradoxos. De um lado o que temos visto é uma total desconstrução de toda e qualquer figura de autoridade, e do outro um incentivo a essa destruição. Por exemplo: na escola os meninos e meninas estão enfrentando as professoras como se fossem gente grande. Em conseqüência desse desrespeito a autoridade do professor, muitos estão deixando a sala de aula vítimas da síndrome de Burnout.

O índice de gravidez precoce aumenta ano após ano, mesmo com a política do governo de distribuir camisinhas nas escolas públicas. Dado extraído do site G1 (http://g1.globo.com/Noticias/Brasil/0,,AA1372177-5598-948,00.html) revela que “Cerca de 1,1 milhão de adolescentes engravidam por ano no Brasil e esse número continua crescendo. O índice de adolescentes e jovens brasileiras grávidas é hoje 2% maior do que na última década; as meninas de 10 a 20 anos respondem por 25% dos partos feitos no país, segundo o Ministério da Saúde.” O que governo quer fazer? Liberar o aborto. Desculpem pelo humor negro, mas ao liberar o aborto estarão literalmente jogando a água da bacia com o bebê que está dentro fora.

Com todo esse quadro de desmando, que tem como base a desestruturação familiar, eis que surge uma nova lei: “a lei da palmada”, que diz que: “A criança e o adolescente têm direito a não (grifo nosso) serem submetidos a qualquer forma de punição corporal, mediante a adoção de castigos moderados ou imoderados (grifo nosso), sob a alegação de quaisquer propósitos, no lar (grifo nosso), na escola, em instituição de atendimento público ou privado ou em locais públicos.”. Se a minha mãe estivesse viva ela estaria falando poucas e boas a respeito dessa lei.

Não pense que sou a favor dos castigos, dos cascudos e das surras nas crianças. Não sou nenhum troglodita. Quero pensar que a intenção de quem criou essa lei seja realmente de proteger nossas crianças, que se constituem no futuro do nosso país. É uma pena, no entanto, que tantas crianças vivam jogadas pelas ruas, consumindo crack, apanhando, se prostituindo, sem nenhuma ação efetiva das autoridades. Será que existe mal trato pior do que esse? Será que a ação para coibir esses maus tratos é punindo os pais por colocarem o filho de castigo, ou até mesmo por darem uma correção um pouco mais contundente?

Um palmadinha dada pelos pais no bumbum do filho dói menos do que todos esses atos de violência. Uma palmada com amor não traumatiza e nem tem o poder de tornar uma criança num futuro marginal, num serial killer, ou coisa parecida. O que uma criança precisa aprender desde cedo é que existem leis e que elas precisam ser respeitadas e cumpridas para o seu próprio bem e para o bem de toda sociedade.

Quando falamos de leis estamos falando de proibições. Daí que ninguém gosta de cumprir ou obedecer uma lei. É em casa que a criança deve aprender o que pode vir a acontecer se ela desobedecer uma determinada lei. O que dói mais: a palmada de uma mãe, de um pai, ou o cassetete da polícia ou o tão falado “serol” dos bandidos?

Na psicanálise é o pai que estabelece a lei de proibição do incesto, ou seja, que o filho não pode ficar com a mãe, daí a castração. O trabalho da análise pode ser visto como o movimento e sofrimento do coitado do neurótico em romper, superar, o rochedo dessa castração, ou seja, desse limite. O que significa que ele deve reconhecer pelas idas e vindas da sua fala que não pode ter tudo, que existe uma falta que o constitui e que é preciso viver com ela.

O que estou querendo dizer é que a educação é um processo até certo ponto sofrido. Não é pelo acumulo de recompensas, pela ausência de limites, pela permissividade da quebra da lei, baseada na cultura do libera geral, que uma criança crescerá de forma equilibrada e sadia. Por vezes a ausência de limites é pior do que o excesso de limites. Sem dúvida que o meio termo é ponto ideal.

O funk "Um tampinha não dói", faz uma certa apologia quanto ao prazer do tapinha nas tchutchucas glamurosas. Pena que algumas estão morrendo vítimas da violência e brutalidade de alguns homens, sem a proteção da lei "Maria da Penha". Será que estão querendo proibir o tapinha nas crianças e liberar a violência para as mulheres?

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