Quem é Deus como Pai? Não existe conceito mais difícil de ser assimilado do que o conceito de Deus. Quem é Deus? Como Ele é? Como Ele age? Como Ele pensa? Conceituar Deus não é uma tarefa fácil. É uma tarefa impossível. A teologia até que se esforça, mas não consegue. Comentando sobre o esforço da teologia em definir Deus, Rubem Alves diz: “Começaria por informar meus leitores de que teologia é uma brincadeira, parecida com o jogo encantado das contas de vidro que Hermann Hesse descreveu, algo que se faz por puro prazer, sabendo que Deus está muito além de nossas tramas verbais. Teologia não é rede que se teça para apanhar Deus em suas malhas, porque Deus não é peixe, mas Vento que não se pode segurar...”. Essa crítica não invalida o estudo da teologia, muito menos os seus postulados. Simplesmente a situa, convocando-a a tomar o seu devido lugar. Em muitos casos, o conceito que algumas pessoas têm sobre Deus está mais atrelado à experiência da infância — na relação com o pai terreno, com a ausência dele ou com a figura que o representou — do que propriamente com uma experiência sadia com o Deus bíblico. Tudo bem que, na Bíblia, em especial no Antigo Testamento, Deus é apresentado como um Deus que castiga, que pune com a morte aqueles que O desobedecem. Mas, como a Bíblia é um livro que deve ser interpretado por inteiro, e não por partes, o que precisamos ter na mente e também no coração é que o Deus da Bíblia é um Deus de amor. A grande definição bíblica sobre Deus é: “Deus é amor” (1João 4:8). Sendo Deus um Deus de amor, por que, em muitos casos, a relação com Ele é tão truncada, reservada, e por vezes até mesmo fria? Falta de fé? Falta de conhecimento bíblico? Falta de uma experiência real com Ele? Pode ser! Mas existe uma realidade psíquica que não pode ser ignorada: a confusão entre o pai terreno e o Pai nosso que está nos céus. A relação com Deus como Pai pode, sim, ser afetada a partir da relação com o pai terreno. Vejamos alguns exemplos: Pai austero × Deus castigador Na psicanálise, a figura do pai é muito forte. É o pai que funda a lei — ou seja, a proibição. A presença do pai como aquele que instaura a lei pode ser exemplificada pela seguinte fala da mãe ao filho desobediente: “Se você não ficar quieto, eu vou falar com o seu pai”. Em geral, funciona! Fugindo dos meandros dessa relação triangular entre pai, mãe e filho — que dá origem ao complexo de Édipo — o que queremos ressaltar é que a compreensão de um Deus austero, castigador, iracundo, do tipo que fica sempre com um chicote na mão, pronto para punir os filhos desobedientes, está intimamente relacionada à figura do pai terreno que se comporta desse modo. Quem se aproxima de Deus com esse sentimento não o faz movido pelo amor, mas pelo medo de ser castigado. Pai permissivo × Deus complacente A compreensão de um Deus permissivo, maleável, que aceita tudo, também está associada à figura de um pai que não comparece para instaurar a lei. Bom? Ledo engano. Pior do que o pai austero (não se deve confundir austero com agressivo) é o pai frouxo. Não seria essa a imagem que a sociedade tem hoje sobre Deus? Não seria essa também uma das causas da violência crescente, do desrespeito a toda e qualquer figura de autoridade — como no caso da diretora que foi espancada por um aluno da escola? Pai ausente × Deus indiferente Não ausente por ter falecido — isso também tem suas implicações —, mas o pai que, mesmo presente, não se apresenta: abandona. A correlação entre o pai ausente e Deus como Pai é a imagem de um Deus que não se importa, que não liga, que abandona os filhos indefesos à própria sorte. A partir dessa correlação entre o pai terreno e o Pai celestial, podemos tirar duas conclusões: 1º) Ter um conceito bíblico sobre Deus como Pai não é tão simples quanto muitos pensam. 2º) Ser pai não é fácil.
Quem é Deus como Pai? Não existe conceito mais difícil de ser assimilado do que o conceito de Deus. Quem é Deus? Como Ele é? Como Ele age? Como Ele pensa? Conceituar Deus não é uma tarefa fácil. É uma tarefa impossível. A teologia até que se esforça, mas não consegue. Comentando sobre o esforço da teologia em definir Deus, Rubem Alves diz: “Começaria por informar meus leitores de que teologia é uma brincadeira, parecida com o jogo encantado das contas de vidro que Hermann Hesse descreveu, algo que se faz por puro prazer, sabendo que Deus está muito além de nossas tramas verbais. Teologia não é rede que se teça para apanhar Deus em suas malhas, porque Deus não é peixe, mas Vento que não se pode segurar...”. Essa crítica não invalida o estudo da teologia, muito menos os seus postulados. Simplesmente a situa, convocando-a a tomar o seu devido lugar. Em muitos casos, o conceito que algumas pessoas têm sobre Deus está mais atrelado à experiência da infância — na relação com o pai terreno, com a ausência dele ou com a figura que o representou — do que propriamente com uma experiência sadia com o Deus bíblico. Tudo bem que, na Bíblia, em especial no Antigo Testamento, Deus é apresentado como um Deus que castiga, que pune com a morte aqueles que O desobedecem. Mas, como a Bíblia é um livro que deve ser interpretado por inteiro, e não por partes, o que precisamos ter na mente e também no coração é que o Deus da Bíblia é um Deus de amor. A grande definição bíblica sobre Deus é: “Deus é amor” (1João 4:8). Sendo Deus um Deus de amor, por que, em muitos casos, a relação com Ele é tão truncada, reservada, e por vezes até mesmo fria? Falta de fé? Falta de conhecimento bíblico? Falta de uma experiência real com Ele? Pode ser! Mas existe uma realidade psíquica que não pode ser ignorada: a confusão entre o pai terreno e o Pai nosso que está nos céus. A relação com Deus como Pai pode, sim, ser afetada a partir da relação com o pai terreno. Vejamos alguns exemplos: Pai austero × Deus castigador Na psicanálise, a figura do pai é muito forte. É o pai que funda a lei — ou seja, a proibição. A presença do pai como aquele que instaura a lei pode ser exemplificada pela seguinte fala da mãe ao filho desobediente: “Se você não ficar quieto, eu vou falar com o seu pai”. Em geral, funciona! Fugindo dos meandros dessa relação triangular entre pai, mãe e filho — que dá origem ao complexo de Édipo — o que queremos ressaltar é que a compreensão de um Deus austero, castigador, iracundo, do tipo que fica sempre com um chicote na mão, pronto para punir os filhos desobedientes, está intimamente relacionada à figura do pai terreno que se comporta desse modo. Quem se aproxima de Deus com esse sentimento não o faz movido pelo amor, mas pelo medo de ser castigado. Pai permissivo × Deus complacente A compreensão de um Deus permissivo, maleável, que aceita tudo, também está associada à figura de um pai que não comparece para instaurar a lei. Bom? Ledo engano. Pior do que o pai austero (não se deve confundir austero com agressivo) é o pai frouxo. Não seria essa a imagem que a sociedade tem hoje sobre Deus? Não seria essa também uma das causas da violência crescente, do desrespeito a toda e qualquer figura de autoridade — como no caso da diretora que foi espancada por um aluno da escola? Pai ausente × Deus indiferente Não ausente por ter falecido — isso também tem suas implicações —, mas o pai que, mesmo presente, não se apresenta: abandona. A correlação entre o pai ausente e Deus como Pai é a imagem de um Deus que não se importa, que não liga, que abandona os filhos indefesos à própria sorte. A partir dessa correlação entre o pai terreno e o Pai celestial, podemos tirar duas conclusões: 1º) Ter um conceito bíblico sobre Deus como Pai não é tão simples quanto muitos pensam. 2º) Ser pai não é fácil.
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