"O mais pesado dos pesos - E se um dia, ou uma noite, um demônio lhe aparecesse furtivamente em sua mais desolada solidão e dissesse: “Esta vida, como você a está vivendo e já viveu, você terá de viver mais uma vez e por incontáveis vezes; e nada haverá de novo nela, mas cada dor e cada prazer, cada suspiro e pensamento, e tudo o que é inefavelmente grande e pequeno em sua vida, terão de lhe suceder novamente, tudo na mesma sequência e ordem – e assim também essa aranha e esse luar entre as árvores, e também esse instante e eu mesmo. A perene ampulheta do existir será sempre virada novamente – e você com ela, partícula de poeira!”. (NIETZSCHE em Gaia Ciência)
Ao falar do “O Eterno retorno”, Nietzsche defende a tese de que “o mundo passa indefinidamente pela alternância da criação e da destruição, da alegria e do sofrimento, do bem e do mal.”. É verdade! É a vida! Mas um outro filósofo que viveu muitos anos antes de Nietzsche disse algo bem semelhante:
“Que vantagem tem o homem de todo o seu trabalho, que ele faz debaixo do sol? Uma geração vai, e outra geração vem; mas a terra para sempre permanece. E nasce o sol, e põe-se o sol, e volta ao seu lugar, de onde nasceu. O vento vai para o sul e faz o seu giro para o norte; continuamente vai girando o vento e volta fazendo os seus circuitos. Todos os ribeiros vão para o mar, e, contudo, o mar não se enche; para o lugar onde os ribeiros vão, para aí tornam eles a ir. Todas essas coisas se cansam tanto, que ninguém pode declarar; os olhos não se fartam de ver, nem os ouvidos de ouvir. O que foi, isso é o que há de ser; e o que se fez, isso se tornará a fazer; de modo que nada há novo debaixo do sol.” (Bíblia sagrada – Eclesiastes 1:3,9 – grifo nosso)
Cito esses dois textos, um filosófico e o outro extraído da Bíblia, como forma de ressaltar que, agora que estamos iniciando mais um ano, por mais que desejemos e recebamos mensagens de um feliz e próspero ano novo, o que nos espera na verdade é um novo tempo cheio de surpresas: boas e ruins, agradáveis e desagradáveis, animadoras e desalentadoras. De certo modo, um eterno retorno em relação a algumas experiências já vividas.
Se dermos uma olhadela pelo retrovisor da vida, observaremos que alguns que estavam conosco no início de 2014 já não estão mais, e por diversos motivos.
Alguns deixando-se levar por uma agitação frenética, incontrolável e insaciável, correram tanto, mais tanto, que perderam o ponto de equilíbrio e foram expelidos da vida, assim como um carro em alta velocidade sai pela tangente numa curva.
Outros se assustaram tanto com os problemas, com as dificuldades que foram desanimando, desanimando, até ficarem parados, imobilizados. Atraídos pela força dos problemas foram sugados, amassados e infelizmente destruídos.
É verdade que alguns que estavam andando direitinho, cadenciados, normais, também não estão mais conosco. O que fizeram de errado? Nada! Simplesmente foram tirados da estrada da vida por conta de uma ordem natural que nós insistimos em desconsiderar: a morte. Perdas existem e sempre existirão. É difícil enfrentá-las. É difícil superá-las. Só a Graça de Deus!
Mas aqui estamos nós. Chegamos! Ufa! Só Deus sabe como! Chegamos e, depois de uma breve parada para as comemorações, vamos começar tudo de novo. Sonhos e frustrações. Lutas, derrotas e vitórias. Alegrias e tristezas. Ânimo e desânimo. Um novo ciclo, mas com vivências semelhantes as do período anterior. Não tem jeito! Debaixo do sol, é assim que funciona, já dizia o sábio autor do livro de Eclesiastes.
A vida não é fácil. Mas quem foi que disse que seria? Mas calma aí! Não pense que, no apagar das luzes de mais um ano, eu queira apagar as luzes do pisca-pisca da sua casa ou azedar o peru, a rabanada e outros quitutes da sua mesa. Como diz a Bíblia: “comamos e bebamos que amanhã morreremos”.Pensando bem, acho conveniente parar por aqui.
Repito pra você as mesmas palavras do ano passado, mas com o frescor de hoje: feliz 2015!
Um bom eterno retorno pra você e toda sua família!
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Preletora Jurema de Souza Martins
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