É muito chato falar de um assunto tão desagradável como o que aconteceu na cidade de Brumadinho, por conta do rompimento de mais uma barragem da companhia Vale do Rio Doce. Mas por outro lado é importante falar como forma de não deixar que essa tragédia passe em branco e venha a se repetir pela terceira vez. Diz o ditado popular que errar uma vez é humano, mas errar duas vezes é burrice. No caso do rompimento da segunda barragem da companhia Vale do Rio Doce, não é burrice. É crime e cabe uma grande punição!
Você já deve ter ouvido falar que os três grandes sonhos comuns a todas as pessoas, são: ter um filho, plantar uma árvore e escrever um livro. Mas e quando depois de tanta luta e esforço os filhos, as árvores plantadas, as anotações escritas na mente, são sepultados pela lama da incompetência, pelo amor ao vil metal? Diz a psicologia organizacional que não é correto chamar os trabalhadores de empregados, mas sim de colaboradores. Mas a luz do descaso da companhia Vale do Rio Doce essa nomenclatura não cabe. Afinal de contas qual empresa mandaria seus colaboradores para o inferno de Dante, ou seja, para o terceiro círculo do inferno concebido por Dante Alighieri na Divina Comédia, que é justamente o lago da lama? A companhia Vale do Rio doce já fez isso duas vezes.
Só para um resgate histórico o primeiro rompimento de uma barragem da companhia Vale do Rio Doce destruiu a cidade de Mariana. Foi terrível. Eu estive lá como voluntário e vi toda aquela destruição. Agora, três anos depois, acontece esse segundo desastre muito mais devastador.
A lama podre da barragem da companhia Vale do Rio Doce na cidade de Brumadinho enterrou mais de três centenas de vidas. Quantos pais hoje estão chorando a perda dos filhos e quantos filhos chorando a perda dos pais? Quantas esposas estão lamentando a morte dos esposos e quantos esposos estão lamentando a morte de suas esposas? Quantas famílias foram literalmente destruídas num piscar de olhos? A perda de uma vida é irreparável. Mas a onda de lama também enterrou memórias, sonhos, muitos sonhos. Enterrou projetos que estavam sendo desenvolvidos por muitos anos, alguns, inclusive, bem próximos da concretização. E agora?
Fora a perda irreparável de vidas humanas, ainda tem a perda incalculável do meio ambiente. A força da lama podre, fruto do estouro da barragem da companhia Vale do Rio Doce que ficava na cidade Brumadinho, derrubou árvores, arrasou plantações, matou muitos animais, destruiu memórias. Afetou também parte da mata quebrando um ciclo vital do ecossistema daquela região. Num lugar onde as pessoas faziam passeios, piqueniques, trilhas; agora só tem lama, muita lama. No lugar onde algumas pessoas iam para descansar, relaxar, sonhar, como no caso de uma pousada da região, não ficou nada, foi tudo lama abaixo.
É preciso considerar que a natureza tem um poder incrível de depuração e recriação. Mas a contaminação do solo, da água, por conta do mercúrio e de outros metais pesados, aparecerá indubitavelmente na forma de doenças no corpo de algumas pessoas da região. O que será feito para minimizar esses danos nos próximos anos? Que tipo de assistência médica e psicológica será dada para os moradores da cidade nos próximos cinco, dez anos? Será que quando assentar a poeira, endurecer a lama podre, acontecerá a mesma coisa que aconteceu em Mariana, ou seja, nada?
A tragédia do rompimento da barragem da companhia Vale do Rio Doce na cidade de Brumadinho, levou lama abaixo o sonho de muitas pessoas. Mas os sonhos são inquebrantáveis. Os sonhos são imortais e podem renascer das cinza, podem ressuscitar da lama. Nem mesmo o ato inconsequente de puro descaso para com a vida e para com a natureza da companhia Vale do Rio Doce, pode enterrar os sonhos daqueles que hoje acham que está tudo perdido.
Vencida toda a comoção fruto de perdas tão significativas, chegará a hora de voltar a sonhar. Mas antes será preciso elaborar a dor, o sofrimento. Não tem como pular essa etapa. É preciso viver o luto. Sonhar é uma forma de reescrever a história sem rasgar e jogar fora aquela parte que não ficou legal. Não tem como esquecer o que aconteceu. Não é para esquecer. Tem que ficar registrado para não acontecer de novo, nunca mais.
Não tem como esquecer, mas tem como voltar a sonhar. Voltar a sonhar usando a narrativa dos fatos como forma de reescrever a história. Não que a partir de agora a história terá um final feliz como nos contos de fadas, que sempre terminam com a frase: "e viveram felizes para sempre". Felicidade existe, mas não é para sempre. Voltar a sonhar é falar da superação das adversidades. Voltar a sonhar tem a ver com o processo contínuo de criação, recriação e ressignificação da vida.
Sonhar é uma forma de reescrever a história, de elaborar uma nova narrativa, privilegiando a fala. Tudo isso como um processo de elaboração e superação da dor. A fala livre é como um purgante que joga pra fora todo lixo emocional que as vezes fica preso e acumulado na alma. A fala livre é como um remédio que cicatriza as abertas no nosso mundo interior. Sonhar, narrar, falar é como escrever um livro. Escrever um livro é uma forma figurada, mas que também pode ser real, de dar novo sentido a vida. É dar ponto final e começar um novo paragrafo, quem sabe um novo capítulo, do livro da vida que de um modo ou outro todos nós escrevemos.
Imagino que a dor daqueles que perderam seus entes queridos, suas propriedades e alguns dos sonhos mais significativos da vida; deve estar sendo grande, muito grande. Mas tenho plena certeza que do meio de toda lama derramada pela incompetência da companhia Vale do Rio Doce, surgirão lindas histórias de superação. Novos sonhos, novas realizações. Não somente creio, mas oro e torço para que isso aconteça.
Você já deve ter ouvido falar que os três grandes sonhos comuns a todas as pessoas, são: ter um filho, plantar uma árvore e escrever um livro. Mas e quando depois de tanta luta e esforço os filhos, as árvores plantadas, as anotações escritas na mente, são sepultados pela lama da incompetência, pelo amor ao vil metal? Diz a psicologia organizacional que não é correto chamar os trabalhadores de empregados, mas sim de colaboradores. Mas a luz do descaso da companhia Vale do Rio Doce essa nomenclatura não cabe. Afinal de contas qual empresa mandaria seus colaboradores para o inferno de Dante, ou seja, para o terceiro círculo do inferno concebido por Dante Alighieri na Divina Comédia, que é justamente o lago da lama? A companhia Vale do Rio doce já fez isso duas vezes.
Só para um resgate histórico o primeiro rompimento de uma barragem da companhia Vale do Rio Doce destruiu a cidade de Mariana. Foi terrível. Eu estive lá como voluntário e vi toda aquela destruição. Agora, três anos depois, acontece esse segundo desastre muito mais devastador.
A lama podre da barragem da companhia Vale do Rio Doce na cidade de Brumadinho enterrou mais de três centenas de vidas. Quantos pais hoje estão chorando a perda dos filhos e quantos filhos chorando a perda dos pais? Quantas esposas estão lamentando a morte dos esposos e quantos esposos estão lamentando a morte de suas esposas? Quantas famílias foram literalmente destruídas num piscar de olhos? A perda de uma vida é irreparável. Mas a onda de lama também enterrou memórias, sonhos, muitos sonhos. Enterrou projetos que estavam sendo desenvolvidos por muitos anos, alguns, inclusive, bem próximos da concretização. E agora?
Fora a perda irreparável de vidas humanas, ainda tem a perda incalculável do meio ambiente. A força da lama podre, fruto do estouro da barragem da companhia Vale do Rio Doce que ficava na cidade Brumadinho, derrubou árvores, arrasou plantações, matou muitos animais, destruiu memórias. Afetou também parte da mata quebrando um ciclo vital do ecossistema daquela região. Num lugar onde as pessoas faziam passeios, piqueniques, trilhas; agora só tem lama, muita lama. No lugar onde algumas pessoas iam para descansar, relaxar, sonhar, como no caso de uma pousada da região, não ficou nada, foi tudo lama abaixo.
É preciso considerar que a natureza tem um poder incrível de depuração e recriação. Mas a contaminação do solo, da água, por conta do mercúrio e de outros metais pesados, aparecerá indubitavelmente na forma de doenças no corpo de algumas pessoas da região. O que será feito para minimizar esses danos nos próximos anos? Que tipo de assistência médica e psicológica será dada para os moradores da cidade nos próximos cinco, dez anos? Será que quando assentar a poeira, endurecer a lama podre, acontecerá a mesma coisa que aconteceu em Mariana, ou seja, nada?
A tragédia do rompimento da barragem da companhia Vale do Rio Doce na cidade de Brumadinho, levou lama abaixo o sonho de muitas pessoas. Mas os sonhos são inquebrantáveis. Os sonhos são imortais e podem renascer das cinza, podem ressuscitar da lama. Nem mesmo o ato inconsequente de puro descaso para com a vida e para com a natureza da companhia Vale do Rio Doce, pode enterrar os sonhos daqueles que hoje acham que está tudo perdido.
Vencida toda a comoção fruto de perdas tão significativas, chegará a hora de voltar a sonhar. Mas antes será preciso elaborar a dor, o sofrimento. Não tem como pular essa etapa. É preciso viver o luto. Sonhar é uma forma de reescrever a história sem rasgar e jogar fora aquela parte que não ficou legal. Não tem como esquecer o que aconteceu. Não é para esquecer. Tem que ficar registrado para não acontecer de novo, nunca mais.
Não tem como esquecer, mas tem como voltar a sonhar. Voltar a sonhar usando a narrativa dos fatos como forma de reescrever a história. Não que a partir de agora a história terá um final feliz como nos contos de fadas, que sempre terminam com a frase: "e viveram felizes para sempre". Felicidade existe, mas não é para sempre. Voltar a sonhar é falar da superação das adversidades. Voltar a sonhar tem a ver com o processo contínuo de criação, recriação e ressignificação da vida.
Sonhar é uma forma de reescrever a história, de elaborar uma nova narrativa, privilegiando a fala. Tudo isso como um processo de elaboração e superação da dor. A fala livre é como um purgante que joga pra fora todo lixo emocional que as vezes fica preso e acumulado na alma. A fala livre é como um remédio que cicatriza as abertas no nosso mundo interior. Sonhar, narrar, falar é como escrever um livro. Escrever um livro é uma forma figurada, mas que também pode ser real, de dar novo sentido a vida. É dar ponto final e começar um novo paragrafo, quem sabe um novo capítulo, do livro da vida que de um modo ou outro todos nós escrevemos.
Imagino que a dor daqueles que perderam seus entes queridos, suas propriedades e alguns dos sonhos mais significativos da vida; deve estar sendo grande, muito grande. Mas tenho plena certeza que do meio de toda lama derramada pela incompetência da companhia Vale do Rio Doce, surgirão lindas histórias de superação. Novos sonhos, novas realizações. Não somente creio, mas oro e torço para que isso aconteça.
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